quarta-feira, 17 de outubro de 2018

 Entre aqueles que ajudam, amparam e consolam os moradores deste vale de lágrimas, destaca-se Dona Lucilia Corrêa de Oliveira. Mãe de admirável bondade, ela tem demonstrado ser mestra em “dar um jeitinho” para resolver as mais complicadas situações.

Exclamações e comentários de estupefação enchem as ruas de Cafarnaum. Alguns transeuntes, curiosos, tentam acercar-se da multidão que se aglomera à entrada de certa casa, buscando um olhar, uma palavra de conforto, uma ajuda, quiçá um milagre...
De repente, um alvoroço:
- Passagem! Passagem!
Todos procuram alguma forma de aproveitar a confusão para avançar, ou ao menos garantir seu lugar naquele denso conglomerado de pessoas, e os quatro homens que carregam um paralítico numa maca não encontram meio de se aproximar do Divino Mestre… Após infrutíferos esforços, optam por um caminho inusitado: abrem o teto em cima do lugar onde estava Jesus e descem a cama com cordas! Graças à fé destes quatro amigos, o pobre homem pode ouvir dos lábios de Nosso Senhor: “Filho, perdoados te são os pecados. […] Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa” (Mc 2, 5.11).
Dona Lucília
Essa cena do Evangelho, tão conhecida por nós, bem ilustra o papel da intercessão dos Santos e até mesmo de alguma alma de grande virtude mais próxima de nós… Pois, como ensina a clássica doutrina da mediação, todos aqueles que, de alguma maneira, se encontram mais unidos a Deus podem ser tomados como nossos mediadores, estejam eles já na eternidade ou ainda batalhando nesta terra.
Quantas vezes, sentindo-nos “paralíticos” no meio do caos contemporâneo, não recorremos à intercessão de algum Santo canonizado, ou até mesmo de algum familiar ou conhecido em quem confiamos, a fim de alcançar graças do Céu?
Mestra em “dar um jeitinho” nas situações difíceis
Entre as muitas almas justas, ainda não beatificadas ou canonizadas, que ajudam, amparam e consolam os moradores deste vale de lágrimas, destaca-se Dona Lucilia, mãe de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, a quem Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, teve a alegria de conhecer em vida e por quem nutre uma afetuosíssima devoção.
Como boa dama brasileira, ela tem demonstrado ser mestra em “dar um jeitinho” nas situações mais difíceis, como o comprovam numerosos testemunhos de favores alcançados por intercessão dela.
Alguns deles, como veremos a seguir, estão relacionados com os edificantes episódios relatados na biografia de Dona Lucilia escrita por Mons. João, publicada em português, espanhol, italiano e inglês pela Libreria Editrice Vaticana.
Especial carinho pelas mães
Conta-se nessa obra que, quando ela estava para dar à luz seu segundo filho, Plinio, foi alertada pelos médicos das complicações e perigos daquele parto, e compelida a escolher entre sua vida ou a do menino. Diante dessa alternativa, a decisão foi categórica: “Se alguém deve morrer, morrerei eu, mas é evidente que a criança tem de nascer! Meu filho acima de mim!” Episódio que comprova de maneira especial sua retidão materna e explica o particular desvelo dela pelas mães que passam por dificuldades semelhantes.
O caso de Karine Camargo Silvério Gaffuri bem ilustra essa atitude: “No dia 3 de setembro de 2017, sofri a perda de um filho com nove semanas de gestação. Como mãe, foi um momento de profunda dor, mas de muita resignação e gratidão. Uma semana depois, tive um sonho que mais pareceu um encontro com Dona Lucilia: estava eu em um lugar onde havia um pequeno altar e, no meio deste, um oratório com uma imagem de Dona Lucilia. Comecei a rezar diante da imagem e coloquei uma rosa branca nas mãos dela. Imediatamente ela tomou vida e me chamou para sentar com ela junto a uma grande mesa. Preciso dizer que a pele dela é a mais bonita que já vi na vida, e a voz dela é algo tão angelical e divino que nunca encontrarei palavras para expressar tamanha beleza.
“Durante nossa conversa, eu só ouvi com atenção tudo o que ela dizia; ela falou muitas coisas, e relato aqui o que ficou [na memória] quando acordei: ‘Não tenha dúvida, vocês estão na ordem [associação] certa, no lugar certo, no momento certo. Leiam o Evangelho diário enviado pelos Arautos. Se você quiser engravidar novamente, reze diariamente o Salmo 26 ou 27, dependendo da [edição da] Bíblia’.
“Em seguida acordei e fui imediatamente procurar o Salmo na Bíblia, com medo de me esquecer. Salmo 26 (27): ‘O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor da minha vida, de quem terei medo?’
“Rezei este Salmo diariamente, conforme a orientação dela e no dia 23 de dezembro de 2017 descobri que estava grávida novamente!
“Em janeiro de 2018 mandamos um relato resumido para um arauto, que imediatamente se ofereceu para encaminhá-lo a Mons. João. Então, já aproveitei para perguntar qual era o sexo do bebê, e pedi que ele desse um nome.
“No dia 12 de fevereiro de 2018 recebemos via e-mail a resposta de Mons. João, que em resumo foi a seguinte: ‘Sugiro que o nome da menina seja Maria Lucilia, e assim a pequena seja assistida por duas insignes padroeiras’.
“Neste momento, na 38º semana de gestação, estamos ansiosos, felizes e radiantes por essa graça e, mais que isso, por poder sentir a cada dia a proteção de Dona Lucilia sobre todos nós”.
A Maria Lucilia já nasceu e passa muito bem, para a alegria de toda a família.
Graças que a ciência humana não pode explicar
Acometida por uma preocupante doença, Arlete dos Reis Moraes recorreu à intercessão de Dona Lucilia, sendo prontamente atendida. E, querendo deixar registrada a graça alcançada, enviou-nos este belo testemunho:
“Eu fui curada milagrosamente de uma doença crônica no intestino rezando à Senhora Lucilia Corrêa de Oliveira, falecida em São Paulo no ano de 1968.
“Os primeiros sintomas que tive foram aos dezessete anos, quando comecei a sentir dores. Não conseguia dormir, pois a dor era muito forte. Depois vieram dores na perna direita, mas não procurei um médico porque não tinha clara noção do que se tratava.
“Em 2003 me submeti ao primeiro exame para identificar o que realmente eu tinha. E lá veio o diagnóstico médico: tratava-se da doença megacólon. Quando o médico relatou isso, fiquei assustada e chorei muito. Chegando em casa, junto com meu noivo, Julio Cesar, rezamos.
“Como eu já tinha recebido muitas graças da Senhora Dona Lucilia, recorri a ela e lhe fiz uma promessa: se ela me obtivesse a cura, eu daria o nome de Plinio ou Lucilia ao primeiro filho que nascesse.
“Depois que me casei, fiz novos exames. O diagnóstico foi o mesmo: um megacólon, que só poderia ser tratado por cirurgia. Mas eu continuei muito serena, e isso já foi uma graça que recebi de Dona Lucilia; eu estava confiante de que ela iria resolver tudo.
“No final de 2005 eu engravidei, tive uma gestação muito tranquila e já não sentia mais aquelas dores laterais. Minha filha nasceu de parto normal, perfeita e saudável, e dei- -lhe o nome de Lucilia.
“Quatro anos depois, por recomendação médica, fiz novos exames. Para minha surpresa o médico disse: ‘O que aconteceu com você a ciência não explica. Você está com o intestino de uma pessoa que nunca teve nada. Você pediu um milagre?’ Eu disse que sim. E ele acrescentou: ‘Então esse milagre lhe foi concedido. Considere-se curada. Você não precisa fazer mais exames’.
Túmulo de Dona Lucília
“Ele me perguntou qual foi o Santo a quem recorri, e eu lhe disse que rezei muito a uma senhora chamada Lucilia Corrêa de Oliveira, mãe do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira. Acrescentei que ela não era ainda beatificada pela Igreja, e que eu gostaria muito que o fosse. Disse ao médico que escreveria tudo o que ocorreu com a minha doença e pedi os resultados dos exames. E ele se pôs à disposição para dar o seu testemunho enquanto médico”.
Auxilio em todas as dificuldades
Bem diversas foram as dificuldades pelas quais passou Lenice Barreto Nunes, que assim nos narra, com simplicidade, como começou sua devoção a Dona Lucilia: “Ganhei uma foto dela, e quando precisava resolver qualquer coisa, rezava e lhe pedia ajuda”.Auxílio em todas as dificuldades
Uma das ocasiões em que esse socorro se fez sentir foi quando passava por grandes problemas financeiros, tendo cinco filhos pequenos para criar. Fez uma novena a Dona Lucilia e não hesitou em se lançar na oportunidade que então surgiu de trabalhar num pequeno comércio. Em pouco tempo, já tinha meios suficientes para montar sua própria loja, cujos rendimentos garantiram o sustento da família.
Certo dia, entretanto, uma persistente e forte baixa nas vendas colocou-a novamente em situação complicada. Dirigiu-se com confiança ao túmulo de Dona Lucilia e rezou: “Dona Lucilia e Dr. Plinio, eu não tenho ninguém na terra para me ajudar, então, vou pedir aos senhores dois que me emprestem um dinheiro, senão meus cheques vão voltar e vou passar muita vergonha”. E não esperou muito tempo para ver- -se atendida: durante três dias consecutivos, sua loja teve uma inusitada movimentação de clientes, a ponto de obter o necessário para pagar as dívidas e cobrir as despesas habituais da família.
Outro favor singular obtido de Dona Lucilia veio fortalecer a devoção de Lenice, como ela mesma relata: “Nessa época difícil, certo dia uma de minhas filhas amanheceu com muitas feridas na cabeça. Como eu não tinha dinheiro para comprar remédio, disse: ‘Dona Lucilia, a senhora sabe que não tenho como comprar, não tenho esse dinheiro todo’. Rezei três Ave-Marias, fiz um chá com pétalas das rosas que enfeitavam o túmulo de Dona Lucilia e fui passando com algodão em cada ferida. No outro dia de manhã, quando verifiquei a cabeça de minha filha, não tinha mais nada. Haviam sumido todas as feridas. Ela estava curada”.
Com as “pétalas de Dona Lucilia”, curou-se de um câncer na língua
Não foi esse um fato isolado. O caso de Azenir Duarte, do Estado de Santa Catarina, relatado por Maria Aparecida da Silva Bett José, sua sobrinha, é mais um exemplo entre muitos outros de curas verificadas após a utilização das “pétalas de Dona Lucilia”.
“No final de fevereiro de 2013, recebi a notícia de que minha tia Azenir Duarte estava internada, com câncer em estado avançado na língua. Os médicos diziam que a única solução era tirar o órgão, porém, ela não permitiu, porque não queria deixar de falar, dizendo ao médico: ‘Se Deus me deu a língua, só Ele tem o direito de tirar. Se for para morrer, vou morrer rezando’.
“Contei a ela sobre Dona Lucilia, como ajuda a todos que rezam a ela, falando-lhe sobre as rosas que são colhidas no túmulo dessa santa alma, que muito bem têm feito aos outros, trazendo bênçãos e curas. Minha tia então me pediu que fosse atrás das rosas, porque sentia que isso lhe traria a cura do câncer. Recorri à irmã que na época era superiora da casa do setor feminino dos Arautos em Joinville, para que me conseguisse uma rosa. Assim que a recebi, enviei à minha tia, dizendo que deveria fazer um chá ou mastigá-las rezando para essa santa, tendo a certeza de que lhe alcançaria a cura.
“Quando seu esposo chegou com a rosa, ela contou que naquela noite havia sonhado que ele lhe traria a cura, e exclamou: ‘É a minha cura, eu sonhei que você estava trazendo a minha cura!’ Sua filha fez um chá com as pétalas e molhou os lábios da mãe, que já não conseguia engolir.
“Não obtendo resultados com o tratamento médico e vendo-se próxima da morte, minha tia procurou um sacerdote, porém, nenhum estava disponível. Então me ligou, pedindo que conseguisse um com urgência. Eu sabia que não iria obter isso em Joinville, por mais que procurasse, mas tinha a certeza de que conseguiria nos Arautos.
“Liguei para o padre arauto que na época era o superior dos irmãos em Joinville e pedi-lhe que fosse levar a Extrema-Unção para minha tia. Eu e meu esposo tivemos a oportunidade de levar esse sacerdote até Florianópolis, e posso dar o meu testemunho de que ele abandonou vários compromissos urgentes e adiou outros para atender minha tia, com uma disposição admirável que eu não acharia em outros padres da cidade. Chegando lá, administrou-lhe os Sacramentos, disse que rezaria por ela e a confortou.
“Os médicos diziam que já não havia outra solução a não ser confiar em Deus, pois a doença era tão grave que mesmo a cirurgia não lhe garantiria a saúde. Porém, ela sentia no fundo da alma que não morreria e que Dona Lucilia iria ajudá-la.
“Com efeito, com o passar do tempo ela voltou a engolir e começou a tomar o chá, sentindo-se sempre melhor. Acompanhando-a com exames, os médicos perceberam que não havia mais sequelas do câncer na língua. O médico oncologista, surpreso com o milagre, perguntou à paciente qual era o Santo que lhe tinha concedido essa graça, pois também queria rezar a ele. Comprometeu-se, caso fosse necessário, a dar um laudo médico comprovando a cura da doença. Após cinco anos deste fato, o câncer não retornou, sendo que a própria ciência não pode obter a cura”.
A devoção se espalha e mais graças são obtidas
Como é natural, o sucedido teve ampla repercussão, segundo descreve a mesma testemunha: “A notícia dessa cura correu por toda a família e todos passaram a ter uma grande devoção a essa grande santa. Anos mais tarde, minha irmã Maria foi acometida por câncer no intestino, e o descobriu já em fase avançada, não tendo mais solução médica. 
“Ao saber disso, levei as pétalas para que fizesse o chá e tomasse, com a certeza de que Dona Lucilia lhe obteria essa cura. No hospital, enquanto ela fazia os exames, ia tomando o chá, sentindo que essa nova santa lhe daria a cura tão desejada. Em uma ressonância, o médico viu que no intestino havia a cicatriz de uma cirurgia, e perguntou se já havia feito alguma antes, o que foi negado por ela e pela família. Então ele nos disse que o quadro da doença havia se revertido e que teria a possibilidade de fazer uma cirurgia com êxito.
“Ao sair para a sala de cirurgia, minha irmã foi muito tranquila e com a plena certeza de que voltaria viva e curada do câncer. Depois o médico que tirou o tumor disse-nos que nunca havia feito uma cirurgia tão tranquila e perfeita. Parecia que Dona Lucilia estava ali presente ao lado de minha irmã, conduzindo as mãos dos médicos. Graças a essa santa, não ficou nenhuma sequela e até hoje não voltou a aparecer o câncer nos exames rotineiros”.
Quantos relatos teríamos ainda a respeito de melhoras e curas de problemas insolúveis de saúde vindos de todas as partes! Entretanto, não são essas as maiores graças, pois favores surpreendentes foram alcançados para a cura das almas e para o progresso na vida espiritual de pessoas desesperançadas da salvação. É o que se pretende tratar em próximo artigo.
De modo invariável, os testemunhos têm um denominador comum: a doce sensação e consolação espiritual de ser compreendido, de ser amado gratuita e incondicionalmente. Em suma, de ser filho, de ter sido coberto pelo misericordioso xale lilás de Dona Lucilia! (Revista Arautos do Evangelho, Outubro/2018, n. 202, p. 36-39)
1 “É lícito e proveitoso invocar em nosso auxílio os Santos vivos, e pedir-lhes que nos ajudem com suas orações. Assim fazia o profeta Baruc, dizendo: ‘E rogai por nós ao Senhor, nosso Deus’ (Br 1, 13). E São Paulo: ‘Irmãos, rogai por nós’ (I Tes 5, 25). Deus mesmo quis que os amigos de Jó se recomendassem às orações do seu fiel servo, para lhes ser misericordioso em vista dos merecimentos dele… ‘Ide ao meu servo Jó… e Jó, o meu servo, orará por vós e Eu volverei misericordioso o meu olhar para ele’ (Jó 42, 8). Se é lícito recomendar- -se aos vivos, como então não será lícito invocar os Santos, que, no Céu, mais de perto gozam de Deus?” (SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. A oração: o grande meio para alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos. 4.ed. Aparecida: Santuário, 1992, p.28). Ver também: SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. II-II, q.83, a.11. 2 Cf. CLÁ DIAS, EP, João Scognamiglio. Dona Lucilia. Città del Vaticano-São Paulo: LEV; Lumen Sapientiæ, 2013; Doña Lucilia. Città del Vaticano-Lima: LEV; Heraldos del Evangelio, 2013; Donna Lucilia. Città del Vaticano-Roma: LEV; Araldi del Vangelo, 2013; Dona Lucilia. Città del Vaticano-Houston: LEV; Heralds of the Gospel, 2013.
Extraído do site dos Arautos do Evangelho

segunda-feira, 24 de setembro de 2018


É deveras conhecido o fato de que Deus deixou sua “impressão digital” na multidão de seres que nos cerca.



São Tomás de Aquino — “o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios” — alude a este fato várias vezes em sua conhecida Suma Teológica qualificando de “vestígios” que Deus Criador deixou na criação. (1)
O Mons. João Clá, Fundador dos Arautos do Evangelho, aborda este tema aplicando-o especialmente ao amor de Deus por cada um de nós. Utiliza para tal a figura… bem deixemos a palavra com o próprio Monsenhor .

DEUS NOS PROTEGE E ENSINA

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Inegável é a força de expressividade do reino animal para o homem, sobretudo quando oferece à sua análise circunstâncias que lembram situações e pequenos fatos da vida humana. Tais atrativos da fauna, tão habituais nas regiões campestres, despertam particular atenção quando colocam em evidência um dos seus mais ricos e vigorosos predicados: o instinto materno. Manifesta-se este não só no zelo pela alimentação e proteção dos filhotes, como também no cuidado de prepará-los para lhes permitir sobreviver em meio às vicissitudes da existência.
Não há quem, transitando por alguma rua de terra numa localidade rural, não tenha visto a característica cena: uma galinha cruzando o caminho, seguida por um de seus pintainhos. Enquanto o pequenino tenta, com não pouco esforço, acompanhar a mãe — pois a desproporção entre ambos obriga-o a dar vários passos para percorrer a distância que a galinha transpõe com apenas um —, ela parece ignorar os apuros do filhote, em virtude da velocidade de seu deslocamento. Mas, na verdade, está tão atenta à cria que, se perceber qualquer sinal de ameaça, sua reação para defendê-la será imediata e enérgica, mostrando-se disposta a dar a própria vida, se necessário for, para resguardá-la do perigo.
Ora, o instinto materno — muito mais profundo no gênero humano — é um tênue reflexo dos desvelos d’Aquele que, além de Criador, quis estreitar seu relacionamento com o homem, elevando-o à condição de filho, ao fazê-lo partícipe de sua própria vida divina pela graça, como exclama São João: “Olhai que amor teve o Pai para nos chamar filhos de Deus, e nós o somos!” (I Jo 3, 1).
Como verdadeiro Pai, o Altíssimo não cessa de proteger, amparar e atrair a Si todas as criaturas humanas, velando continuamente por elas. E, excedendo de modo infinito os cuidados empregados pela mãe ao predispor os filhos para bem enfrentar a vida, o Divino Didata conduz os homens — por meio de processos tão diversos quanto o são as almas — à realização da vocação específica que sua Sabedoria outorga a cada um. (2).


(1) SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica, Parte I, artigo “De Deus criador”, Distrib. Loyola, São Paulo, 2001, vol. 1.
(2) MONS. JOÃO SCOGNAMIGLIO CLÁ DIAS, EP, O inédito dos Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2012, p. 61-62. Publicado também na revista “Arautos do Evangelho”, nº 134, fevereiro de 2013, p. 10-17

(Extraído do site dos Arautos do Evangelho)

segunda-feira, 3 de setembro de 2018


Certa vez, no terracinho de uma fazenda em Amparo, onde eu me encontrava, de repente um beija flor parou no ar e começou a sugar o néctar das flores de uma trepadeira. Ele osculou flor por flor ...



Com seu vôo semelhante ao trajeto de uma seta, ostentando um biquinho pontudo, o beija-flor descia e parava. Tão inflexível e retilíneo no voar, ficava trêmulo na hora de sugar. Começava com uma série de pequenos movimentos, esvoaçando em torno da flor e haurindo dela o mel que conseguia. No seu bater de asas, nenhuma das vibrações repetia as outras. Dir-se-ia um instrumento musical tocando músicas sempre novas, uma composição nova que caracterizava o estilo beija-flor. 
Refleti que ele tem lá suas regras que não conheço, e me perguntei quando cessaria essa movimentação. De repente, de modo inopinado, ele largava a flor. Nesse abandonar tão completo, parecia que aquela flor nunca existira para ele, e sem a menor vacilação dirigia-se para outra. Era a própria imagem da decisão: quando é hora de escolher, não hesita; quando é o momento de sugar, empenha-se e suga; quando é a ocasião de partir, abandona e rejeita.
Tão brasileiro nos movimentos, o beija-flor não conhece o sentimento nacional das saudades. Abandona a flor sem saudosismos, mas também sem rancor. Tem-se a impressão de que, quando extraiu o último néctar, ficou liberado e voa como um foguete para outro lugar. Tudo isso é realizado com tanta leveza, tanta delicadeza, tanta distinção, que dir-se-ia uma dança. De fato, é muito mais do que dança, é vôo.
Nessa espécie de “filmagem” em câmara lenta, cada um pode rememorar as impressões que conservou, vendo novamente o esvoaçar de um beija-flor.
Ficamos encantados ao observar que no universo dos animais há dois lindos exemplos de movimentos: um, o do leão que anda; outro, o do beija-flor que voa. Como são diversos! Quantos seres Deus criou para nos entreter!

O beija-flor azul e verde é uma jóia preciosa que Deus criou para o homem poder olhar, nunca segurar, e sentir o encanto da coisa fugidia que passa. Neste vale de lágrimas, representa bem a esperança e nosso desejo do Céu.
A Providência divina criou nesta Terra de exílio vários seres fugazes, ótimos, mas que deixariam de ser ótimos se não fossem fugazes, para assim nos apresentar umas tintas do Céu. Porque a Terra, sendo um lugar de exílio, não pode oferecer essa impressão celeste estavelmente. Deus teve pena de nós, e enviou-nos assim uns vaga-lumes do paraíso celeste, para acenderem e apagarem, e desse modo vislumbrarmos a felicidade celestial. (Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, Catolicismo 707)

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A presença de Nosso Senhor entre os homens

Um dos pontos essenciais de nossa espiritualidade é a devoção à Eucaristia. Ao longo dos séculos, o “Divino Prisioneiro” — amorosa designação dada a Jesus Sacramentado por grandes santos em alusão à sua permanente presença no sacrário — tem derramado incontáveis graças sobre todos os que d’Ele se aproximam, consolando os corações, fortificando os ânimos e dulcificando os amargos sofrimentos inseparáveis de nossa vida neste vale de lágrimas. Cumprem-se de maneira admirável e maravilhosa as palavras do Senhor: “Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Qual não deve ser a nossa correspondência e fidelidade para com um Deus que, chegando a extremos de amor, deixa-se como alimento para as almas e faz-se presente em todos os tabernáculos?
E que presença maravilhosa! Encanta nossas vidas, como quando visitamos a igrejinha de pacato vilarejo e vemos ajoelharem-se ante o altar as pessoas do lugar. Ou nos faz sentir tomados de enorme respeito e inundados de sacralidade, ao contemplarmos Nosso Senhor Sacramentado num templo esplendoroso, como, por exemplo, a Basílica de São Marcos, de Veneza. Jóia incrustada numa das mais belas cidade do mundo, ponto para onde convergem todos os olhares dos que visitam a antiga República Sereníssima, fazendo sair do fundo de nossas almas a espontânea exclamação: “Oh! Ali está Ele em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Que magnífico!”
É acerca do Santíssimo Sacramento que se deu o episódio seguinte, num mosteiro beneditino espanhol. Os piedosos monges se prepararam com muito fervor para uma festa litúrgica e o sacristão, ao arrumar na noite anterior os ornamentos necessários, esqueceu-se de um círio aceso dentro de um armário.
Não é difícil imaginar o susto dos monges ao chegarem pela manhã na capela e encontrarem o armário queimado, derretidos os cálices de prata e uma cruz de bronze que estavam nele depositados. Removendo as cinzas, encontraram, ainda incandescente, uma caixa de prata que servia de sacrário, na qual haviam sido guardadas três partículas consagradas. Esfriaram-na com água e colocaram-na sobre o altar-mor, não sabendo o que havia acontecido com o precioso conteúdo.
Abrindo a caixa, depararam-se com os corporais totalmente convertidos em cinza, aparecendo, entretanto, intactas e sem a menor queimadura, as três partículas consagradas. Oh milagre admirável! Oh resplendoroso poder do Criador do céu e da terra! Imagine-se o espanto dos monges ao verificarem esse milagre que tinham diante dos olhos! Ao saber do fato, o Sumo Pontífice recomendou-lhes que mantivessem com grande entusiasmo e alegria as partículas, a fim de que “os devotos se confirmem em sua devoção, e os que não o são sejam excitados sinceramente à devoção e à firmeza da Fé”.

(Antonio Corredor Garcia, O.F.M, Prodigios Eucarísticos, Apostolado Mariano, Sevilla – Revista Arautos do Evangelho n.11 nov 2002)

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Encontro do Apostolado do Oratório


Em sua frase mais célebre Sra. Da. Lucilia dizia: "E isso porque viver, viver realmente, é estar junto, olhar-se e querer-se bem... Nisso está a felicidade...". Seguindo esta via, no mês de Agosto, como já se tornou tradicional, os membros do Apostolado do Oratório se preparam para o encontro anual na Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Um momento de convívio daqueles e daquelas que durante todo o mês abrem seus lares para receber o Oratório da Virgem de Fátima. 
Com a finalidade de auxiliar quem deseja participar, um grupo de Terciários de Nova Friburgo está organizando uma romaria para o encontro deste ano. Embora o evento seja direcionado os membros deste apostolado, e havendo vagas disponíveis, mesmo quem ainda não recebe o Oratório pode participar. Segue abaixo a programação:




quarta-feira, 6 de junho de 2018


Recorrer aos anjos está ficando cada vez mais na moda. Mas o que sabe a grande maioria das pessoas a respeito dessas criaturas espirituais e imortais?


Após uma época de ceticismo e materialismo triunfante, durante a maior parte dos séculos XIX e XX, o Ocidente voltou a demonstrar uma definida apetência pelo mundo dos espíritos. Se até duas ou três décadas atrás, falar de anjos era considerado por muita gente como sinal de imaturidade ou de falta de cultura, hoje em dia tornou-se moda. Abundam os filmes e livros retratando seres extraordinários, poderosos, dotados de qualidades sobrenaturais, seres super-humanos ante os quais o comum dos mortais é impotente. Não será isso um sintoma de interesse pelo mundo angélico? Ao lado da fantasia e do mito, obras esotéricas de grande divulgação apresentam uma visão distorcida desses seres espirituais, e a ignorância religiosa só fez aumentar os equívocos nesta matéria. Se quisermos saber a realidade sobre os anjos, onde achar a verdade no meio de tanta desinformação?

As Sagradas Escrituras
Muito antes das definições teológicas dos últimos séculos, o ensinamento sobre os anjos encontra-se fundamentado na autoridade das Sagradas Escrituras e dos Padres da Igreja. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, numerosas passagens nos mostram os anjos em ação, na tarefa de proteger e guiar os homens, e servindo de mensageiros de Deus. O versículo 11 do Salmo 90 menciona claramente os Anjos da Guarda: “Deus confiou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos”. Se nalgumas ocasiões os anjos da mais alta hierarquia celeste são os encarregados de missões na terra – casos de São Gabriel e São Rafael – em muitas outras trata-se por certo de uma atuação do anjo guardião da pessoa concernida, mesmo se a Bíblia não o mencione especificamente. Tem-se essa impressão na leitura do profeta Daniel, salvo de ser devorado no cárcere por feras famintas, pois ele declara ao rei Dario: “Meu Deus enviou o seu anjo, que fechou a boca dos leões, os quais não me fizeram malalgum” (Dn 6, 22). Do mesmo modo, nos Atos dos Apóstolos, quando vemos São Pedro ser libertado da prisão por um anjo (cf. At 12, 1-11). Nosso Senhor faz uma referência muito clara aos Anjos da Guarda, quando diz: “Vede, não desprezeis um só desses pequeninos; pois vos declaro que os seus anjos nos Céus vêem incessantemente a face de meu Pai, que está nos Céus” (Mt 18,10). São Paulo, na Epístola aos Hebreus, ensina que todos os anjos são espíritos a serviço de Deus, o qual lhes confia missões em favor dos herdeiros da salvação eterna (cf. Hb 1,14).

Os Padres da Igreja
Na esteira das Sagradas Escrituras, a maioria dos Padres da Igreja trata dos anjos enquanto nossos guardiães. São Basílio Magno, na obra Adversus Eunomium, declara: “Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor, para o conduzir à vida”. No século II, Hermas, na obra “O Pastor”, diz que todo homem possui seu Anjo da Guarda, o qual o inspira e o aconselha a praticar a justiça e a fugir do mal. No século III, a crença nos Anjos da Guarda de tal maneira estava arraigada no espírito cristão, que Orígenes lhe dedica várias passagens. E sobre a mesma matéria encontramos belos textos de São Basílio, Santo Hilário de Poitiers, São Gregório Nazianzeno, São Gregório de Nissa, São Cirilo de Alexandria, São Jerônimo, os quais nos ensinam: o Anjo da Guarda preside às orações dos fiéis, oferecendo-as a Deus por meio de Cristo; como nosso guia, ele solicita a Deus que nos guarde dos perigos e nos conduza à bem-aventurança; ele é como um escudo que nos envolve e protege; ele é um preceptor que nos ensina a cultuar e a adorar; nossa dignidade é maior por termos, desde o nascimento, um anjo protetor.

Desdobramentos posteriores
No século XII, Honório de Autun promoveu a doutrina de que cada alma, no momento em que é unida ao corpo, é confiada a um anjo cuja missão é induzi-la ao bem e dar conta de suas ações a Deus. Santo Alberto Magno e São Tomás de Aquino, no século XIII, ensinaram, com São Pedro Damião, que o Anjo da Guarda não abandona nem sequer a alma pecadora, mas procura levá-la ao arrependimento e reconciliação com Deus.
Em 1608, o Papa Paulo V instituiu a festa dos Santos Anjos da Guarda. Posteriormente, em 1670, coube ao Papa Clemente X fixar sua comemoração de modo definitivo no dia 2 de outubro, tornando-a obrigatória para toda a Igreja. O Catecismo da Igreja Católica trata da missão do Anjo da Guarda em relação a nós, dizendo: “Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão” (nº 336). E o Papa João Paulo II, na Audiência Geral de 6 de agosto de 1986, acentua que “a Igreja confessa sua fé nos Anjos Custódios, venerando-os na Liturgia com uma festa especial, e recomendando o recurso à sua proteção com uma oração freqüente, como na invocação ao ‘Santo Anjo do Senhor’.” (Revista Arautos do Evangelho, Out/2006, n.58, p. 36 e 37)

(Reproduzido do site dos Arautos do Evangelho.)

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Mostra Cultural - 2017



Mais um ano letivo vai chegando ao fim. Os excelentes resultados de um ano inteiro de trabalho e estudo vai se fazendo sentir no Colégio Arautos do Evangelho-Nova Friburgo, em sua bela Mostra Cultural, que anualmente realiza.
Para 2017 os alunos dedicaram-se ao tema “A história de Nossa Senhora do Bom Conselho”. Essa atividade proporcionou a cada aluno e professor uma verdadeira viagem pelo tempo, pelo mundo, pela história e, até, pelo Céu.
Cada turma tratou sobre um aspecto dessa bela história, dos países envolvidos, dos costumes desses povos, dos frutos da valiosa devoção à Mãe do Bom Conselho, dos personagens históricos que tiveram presentes, milagres, curiosidades, e a relação dEla com os Arautos do Evangelho e com cada fiel.

 

  







Trabalho árduo, mas, gratificante, que já deixa sua semente para um promissor 2018 na educação dessas crianças e jovens.